Advogados e tecnologia: qual o legado pós-pandemia

aDoc • 30 de setembro de 2021

A pandemia deu um impulso poderoso à digitalização. As soluções digitais estão avançando em nossa vida cotidiana. Isso também se aplica ao mercado jurídico. Assim como profissionais de outros setores, os advogados se perguntam: Qual o "legado da emergência"? O que restará do processo remoto?

No mínimo, a pandemia mostrou que os escritórios de advocacia podem operar remotamente com sucesso. Na verdade, não apenas o trabalho pode ser realizado, os escritórios de advocacia podem até ser lucrativos quando o trabalho é realizado remotamente.

De modo geral, observamos que os advogados estão cada vez mais preparados para desempenhar o jogo da transformação digital em seus escritórios de advocacia em uma realidade pós-pandêmica. Vejamos a seguir algumas mudanças pós-pandemia.

Principais pontos de mudanças pós-pandemia

1. Advocacia especializada

Fim dos "generalistas" à vista? Como no campo médico, os que buscam a lei esperam conselhos bem fundamentados sobre suas respectivas questões de advogados especializados. De acordo com tendências crescentes, o número de escritórios de advocacia geralmente administrados por "generalistas" será cada vez menor no futuro, e os escritórios de advocacia com especialistas nas respectivas áreas jurídicas irão substituí-los.

Ou seja, o mercado exige especialização. Quer nos ramos do direito do trabalho, do direito da família, do direito do arrendamento, quer nos domínios da constituição de sociedades, da elaboração de contratos, entre outros.

2. Advogados empreendedores

Hora de agir? Normalmente o direito não está relacionado com empreendedorismo. Mas, à medida que a concorrência no setor jurídico se torna mais acirrada, ter uma “mentalidade empreendedora” torna-se essencial para se adequar à concorrência não somente em relação a outros escritórios jurídicos mas também aos próprios aplicativos e sistemas que hoje fazem grande parte das tarefas de um "assistente jurídico".

Isso significa que uma mentalidade empreendedora pode ajudar os profissionais jurídicos a se concentrar no que seus clientes precisam e como utilizar a tecnologia para tratar dos problemas de seus clientes de forma mais efetiva e com a agilidade que eles anseiam.

3. Advogados gerentes de projetos

Projetar e gerenciar? Gerenciamento de projetos é a aplicação de conhecimentos, habilidades e técnicas para executar projetos de forma eficaz e eficiente. Atualmente, essas habilidades são consideradas uma competência estratégica para as organizações jurídicas. Diante disso, os advogados que já têm ou estão buscando as competências necessárias para conectar processos de negócios e tecnologia para atingir resultados de formas eficiente e mais econômicas enfrentam melhor os desafios do mercado.

4. Justiça Remota e smart work

Justiça remota! Um fato presumível é a continuação do smart twork e do uso de ferramentas e videoconferências no setor judiciário. Utilizados desde a primeira fase de emergência para minimizar as formas de contato interpessoal, esses instrumentos continuam a se revelar indispensáveis para evitar a paralisação do sistema de justiça e os efeitos negativos que o diferimento [demora] das atividades processuais teria sobre a proteção de direitos dos cidadãos.

5. Fortalecimento das resoluções de disputas

Capacidade de negociação aprimorada. Por quê? Parte do trabalho da maioria dos advogados - juntamente com habilidades como escrever, redigir documentos, apresentar argumentos lógicos e assim por diante - está relacionada a capacidade de negociação. E a transformação digital não muda isso, pelo contrário, essa é uma das ferramentas que a maioria dos advogados precisa aprimorar.

Com a pandemia, vimos o Fortalecimento das Resoluções das disputas. A tecnologia tem favorecido o uso de sistemas de resolução de disputas alternativos à justiça tradicional, como a arbitragem e, em particular, a negociação e a mediação civil e comercial, ferramentas mais acessíveis, flexíveis e rápidas do que o processo judicial tradicional.

Ou seja, a emergência colocou em evidência os recursos de negociação em várias áreas do direito, incluindo a solução de controvérsias e obtenção de termos de acordo para transações comerciais.

6. Escalabilidade

Escalar processos. Escalar processos na advocacia é mais ou menos como transformar serviços de consultoria em um produto. E se os advogados não se permitirem obter resultados mais escaláveis, não conseguem se tornar competitivos ou mesmo responder às expectativas de seus clientes.

Há cada vez mais o entendimento comum de que existem ferramentas com as quais é possível trabalhar para fornecer serviços jurídicos de uma maneira diferente. Isso é simplesmente necessário porque o mercado exige e porque a carga de trabalho aumenta tanto que os advogados não podem mais fazer isso sozinho, ou mesmo uma equipe, sem a ajuda da tecnologia.

Em resumo, a tecnologia simplifica os processos associados a questões jurídicas e permite os advogados reproduzam facilmente o que funciona.

Conclusão

A covid-19 em particular colocou muita coisa em movimento: audiências judiciais online, consultas via equipes ou zoom e, principalmente, muitos documentos na nuvem. E, graças à tecnologia, os profissionais jurídicos podem por exemplo, pesquisar, verificar e avaliar documentos como sentenças judiciais mais rapidamente.

O entendimento de que o mundo mudou realmente já existe e alguns processos serão acelerados como resultado. Talvez não somente mudou a forma como os advogados veem a tecnologia, mas também a importância de renovar as suas habilidades.

Cada vez mais os advogados tem ciência que devem ser capazes de se comunicar, aconselhar, apresentar e negociar. Sem dúvidas, os advogados são cada vez consultores, coach e especialistas jurídico que está progredindo mais rápido graças à digitalização - que pode levar a modelos de negócios e habilidades completamente novas.

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Crescer sem organizar é crescer errado Muitos escritórios ainda confundem volume de processos com sucesso. Crescem de forma reativa, aceitando mais demandas do que conseguem gerenciar, sem estrutura mínima de governança financeira, gestão de pessoas ou controle documental. O resultado costuma ser previsível, alta rotatividade, perda de qualidade técnica, desgaste da equipe e margens cada vez menores. Para 2026, esse modelo tende a se tornar inviável. Tendências como automação de workflows jurídicos, computação em nuvem, análise de dados e atuação multidisciplinar exigem uma reestruturação profunda da forma como o escritório opera. Um escritório que deixa de atuar apenas de forma reativa e passa a usar dados históricos para: precificar serviços com maior precisão; prever gargalos operacionais; delegar tarefas com base em capacidade real da equipe; monitorar produtividade e rentabilidade por área ou cliente. Estudos setoriais indicam que esse tipo de abordagem pode elevar a produtividade em até 40% , sem aumento proporcional de custos, um ganho decisivo em um mercado saturado. Organização como estratégia, não como burocracia A transição para esse novo modelo não é opcional. Investir em organização é investir em governança, previsibilidade e sustentabilidade do negócio jurídico, o que envolve alinhar a expertise técnica do advogado a um ecossistema integrado de: gestão de documentos; gestão de contratos (CLM); automação de fluxos internos; uso responsável e estratégico de IA aplicada ao Direito. Organizar o escritório jurídico, portanto, não significa apenas “arrumar a casa”, mas criar uma base sólida para decisões estratégicas, crescimento controlado e diferenciação competitiva. Como planejar a organização do escritório jurídico para 2026? Planejar a organização de um escritório jurídico para 2026 exige uma visão estratégica orientada por dados, capaz de lidar com desafios estruturais do Brasil, como a lentidão do Judiciário e a elevada concorrência profissional. O primeiro passo é diagnóstico. Avalie indicadores básicos, mas frequentemente ignorados: taxa de rotatividade da equipe; tempo médio dedicado por processo ou contrato; fluxo de caixa mensal e previsibilidade de receitas; volume de retrabalho causado por falhas de comunicação ou controle documental. Com base nesse diagnóstico, defina metas SMART (específicas, mensuráveis, atingíveis, relevantes e temporais). Um exemplo prático é reduzir em 30% o tempo de tramitação interna de documentos e contratos por meio de automação e padronização. 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Gestão inteligente de contratos (CLM) É fundamental acompanhar prazos, obrigações, cláusulas críticas, renovações e riscos contratuais, com alertas automáticos e relatórios gerenciais que apoiem decisões estratégicas. Integração com o ecossistema jurídico e corporativo Integrações com ferramentas de assinatura eletrônica, ERPs, CRMs e outros sistemas internos evitam silos de informação e aumentam a eficiência operacional. Segurança da informação e conformidade regulatória Criptografia, controle de acessos, backups automáticos e aderência à LGPD são requisitos básicos — não opcionais. Para grandes escritórios e empresas , soma-se a necessidade de escalabilidade, gestão multiusuário avançada, permissões granulares e integração entre múltiplas áreas e unidades. 10 dicas para organizar seu escritório jurídico 1. Centralize toda a documentação jurídica em um único sistema Documentos dispersos em e-mails, pastas locais e nuvens pessoais são uma das principais fontes de risco e ineficiência. Em 2026, a organização começa pela centralização absoluta de contratos, petições, procurações e documentos sensíveis em uma plataforma única, com controle de versões e trilha de auditoria. Isso reduz perdas de informação, facilita auditorias e aumenta a segurança jurídica. 2. Padronize modelos e fluxos antes de automatizar Automação não corrige processos mal definidos. Antes de implementar tecnologia, revise e padronize modelos de contratos, petições e comunicações internas. Fluxos claros reduzem exceções, facilitam treinamentos e garantem que a automação gere ganhos reais de produtividade. 3. Automatize workflows jurídicos críticos A automação deve começar onde o impacto é maior: criação, revisão, aprovação e assinatura de documentos e contratos. Workflows automatizados eliminam gargalos, reduzem prazos internos e permitem rastrear responsabilidades, algo essencial em equipes híbridas ou remotas. 4. Implemente uma gestão inteligente de contratos (CLM) Contratos não podem ser tratados como arquivos estáticos. Um sistema de CLM permite acompanhar prazos, obrigações, renovações e cláusulas críticas com alertas automáticos. Isso reduz riscos contratuais e transforma contratos em ativos estratégicos, não em passivos ocultos. 5. Use IA como apoio à decisão, não como atalho A inteligência artificial deve ser usada para analisar, comparar e estruturar informações , não para substituir critérios jurídicos. Escritórios organizados utilizam IA para revisar documentos, identificar padrões e apoiar decisões, sempre integrando esses recursos a processos bem definidos. 6. Monitore indicadores de desempenho jurídico (KPIs) Sem métricas, não há gestão. Acompanhe indicadores como tempo médio por processo, taxa de retrabalho, cumprimento de prazos, produtividade por área e rentabilidade por cliente. Dashboards em nuvem permitem ajustes rápidos e decisões baseadas em dados, não em percepção. 7. Estruture a governança financeira do escritório Organização jurídica também é financeira. Separe contas pessoais e empresariais, controle fluxo de caixa, previsibilidade de receitas e inadimplência. Escritórios bem organizados conseguem precificar melhor seus serviços e planejar crescimento com menor risco. 8. Delegue com clareza e documente responsabilidades O modelo centralizador limita a escala. Defina papéis, responsabilidades e níveis de autonomia, registrando processos e decisões. Isso reduz dependência de indivíduos-chave, melhora a continuidade operacional e facilita a integração de novos profissionais. 9. Garanta segurança da informação e conformidade com a LGPD Em 2026, falhas de segurança não são apenas problemas técnicos, mas riscos jurídicos e reputacionais. Controle acessos, registre logs, implemente backups automáticos e políticas claras de tratamento de dados. A organização documental é parte central da conformidade. 10. Escolha tecnologia que acompanhe o crescimento do escritório Evite soluções que resolvem apenas o problema imediato. Priorize plataformas escaláveis, que integrem gestão documental, contratos e automação de workflows. A tecnologia certa sustenta o crescimento sem exigir reestruturações constantes. Quer organizar seu escritório jurídico para 2026 com mais eficiência, segurança e controle? Conheça a aDoc , a plataforma de gestão de documentos e contratos que centraliza informações, automatiza workflows jurídicos e transforma rotinas operacionais em inteligência estratégica.  Solicite uma demonstração e veja como a organização pode se tornar seu maior diferencial competitivo.
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